Relações Humanas X Relações Republicanas 

Estar em um ambiente que nos causa desconforto é, logicamente, péssimo. Mas, acima disso, estar nesses lugares, com pessoas que tornam tudo pior, é como uma violência contínua para nós mesmas. 

Situações assim já aconteceram comigo, em que nas “sociais” – momentos de interação entre duas ou mais repúblicas – os homens sentiam-se à vontade para fazer comentários ou até mesmo atos, como toques em meu corpo – o que hoje, entendo como assédio. Mas estar em eventos como esses eram obrigatórios para a estadia na casa, ainda que eu afirmasse meu desconforto e descontentamento.  

Em uma noite de social, todas nós estávamos animadas e prontas para receber nossos convidados. Porém, quando eles chegaram, a conversa não fluiu e um ar de estranhamento pairou no ar. Me vi encurralada na sala de casa, com pessoas sem entrosamento que já me olhavam de forma esquisita. Ao final, beijei sem vontade, assim como minhas colegas, mas a sensação de desgosto ainda estava lá. 

Apesar de tudo ser normalizado por pessoas ao meu redor, eu não era a única que me incomodava. Outras meninas relataram outros desconfortos com um mesmo grupo de meninos. No entanto, ao falar coletivamente sobre isso, foi ignorado e, ainda sim tínhamos que socializar e tratar com naturalidade aqueles que nos assediaram. 

Fico refletindo sobre as relações que são estabelecidas no eixo Mariana e Ouro Preto, pois, afinal, o que importa mais, as Relações Humanas ou as Relações Republicanas? 

Desde 2018 o Ariadnes escuta relatos anônimos sobre assédio.

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