Todo mundo sabe, ninguém fala

Eu estava na biblioteca, era dia de organização nova das seções. Quando fui apontar para um livro na prateleira, senti alguém chegar por trás, me encoxando. Fiquei paralisada. Saí.  Tudo aconteceu muito rápido, sem que houvesse tempo para entender ou reagir. Tinham pessoas por perto, mas todos ficaram confusos com aquele movimento estranho. Numa fração de segundos ocorreu um toque – indesejado, sem consentimento – … Continuar lendo Todo mundo sabe, ninguém fala

Quem pode falar na confraria dos homens? 

Na última segunda (09), tivemos uma experiência esclarecedora sobre o funcionamento das repúblicas tradicionais de Ouro Preto e muito do que essa cultura envolve. A audiência pública do Ministério Público Federal que era, inicialmente, sobre as repúblicas federais no contexto da política assistencial de moradia estudantil da UFOP, se transformou em uma reunião de homens, que foram defender suas experiências maravilhosas naquelas casas centenárias e … Continuar lendo Quem pode falar na confraria dos homens? 

Lady Gaga no Rio: catarse coletiva e luta por direitos da comunidade LGBTQIAPN+

Um sábado ensolarado no Rio de Janeiro, a cidade repleta de pessoas de várias partes do Brasil – e do mundo –, agitação e ansiedade para o show: a atmosfera de Lady Gaga já estava no ar há alguns dias. Por onde passava, a trilha sonora e as conversas eram sobre a cantora estadunidense que faria o maior show de sua carreira na capital carioca, … Continuar lendo Lady Gaga no Rio: catarse coletiva e luta por direitos da comunidade LGBTQIAPN+

A dor de ser a única – qual o lugar de mulheres negras nos ambientes universitários? 

“E eu estou rodeada porEspaços brancos,Onde dificilmente eu posso adentrar e permanecer.Então, por que eu escrevo?Escrevo, quase como na obrigaçãoPara encontrar a mim mesmaEnquanto eu escrevo” Enquanto eu escrevo, Grada Kilomba Tive contato com esse texto da Grada Kilomba em uma aula. Estava passando por situações difíceis e ele ficou em minha cabeça por um tempo, me fazendo pensar em como é difícil ocupar espaços … Continuar lendo A dor de ser a única – qual o lugar de mulheres negras nos ambientes universitários? 

Assédio: embate entre estrutura de poder e performatividade masculina

Era uma sexta-feira, dia de terapia, pós-almoço no chamado “prédio da gerência” na fábrica onde trabalho. Tinha acabado de comer uma deliciosa feijoada com aquele gostinho de esquenta do final de semana, sabe!? Minha chefe já tinha até ido embora, eu estava nas últimas tarefas do dia, só iria escovar meus dentes, seguir com as atividades e pegar o ônibus que sairia a uma hora … Continuar lendo Assédio: embate entre estrutura de poder e performatividade masculina

Onde a liberdade se confunde com crime: o consentimento nas festas

O ambiente republicano e as festas universitárias em Mariana e Ouro Preto em tese nos dão liberdade para ser quem somos e fazer o que desejamos, desde beijar quantas pessoas quisermos até performar a sexualidade e gênero com certa segurança nesses locais. Porém, algumas noções de consentimento parecem ficar confusas com as experiências que temos ao longo do tempo.  Principalmente para as meninas e mulheres … Continuar lendo Onde a liberdade se confunde com crime: o consentimento nas festas

Dependendo do seu lugar na hierarquia, é permitido assediar

Eu estava na minha casa, em um momento feliz com minhas amigas, era uma festa comum do ambiente republicano. Foi quando chegou esse homem, mais velho, conhecido e que não está na universidade há alguns anos.  Ele chegou entrando, sem nem mesmo ter sido convidado, e falando com todas as pessoas. Eram papos estranhos, aproximação demais e insistência fora do normal quando ia dar em … Continuar lendo Dependendo do seu lugar na hierarquia, é permitido assediar

Até que ponto estamos seguras no ambiente republicano?

Fui a uma festa com a intenção de me divertir, beber e dançar com minhas amigas. Chegando lá, logo entendi que o ambiente não era seguro e tinha que fazer tudo para me proteger dos assédios, que, nesse dia, eram muitos.  Meu grupo tentou fazer uma rodinha para se proteger, mas nem assim deixamos de ser importunadas. Tinha homens para todos os cantos – mas … Continuar lendo Até que ponto estamos seguras no ambiente republicano?

A impotência que o assédio me traz

Eu estava sentada aguardando ser chamada pelo médico quando senti um toque no final nas minhas costas, na região do cóccix. Era um toque não desejado, mas achei que fosse sem querer. Como sou mulher, o primeiro pensamento é: a errada sou eu. Então cheguei para frente e fingi que não aconteceu. Afinal, não acreditei que, no meio da sala de espera lotada da Policlínica … Continuar lendo A impotência que o assédio me traz

Mulheres acompanham mulheres: o cuidado é historicamente feminino

Nos últimos dias tenho tido mais contato com o dia a dia hospitalar, na área do câncer de mama especificamente. Com isso, tenho confirmado uma percepção que já havia tido antes: a presença feminina é a que comanda esse ambiente. Apesar do tipo de câncer estar principalmente vinculado às mulheres, homens também podem desenvolver a doença, em números reduzidos, de acordo com o Instituto Nacional … Continuar lendo Mulheres acompanham mulheres: o cuidado é historicamente feminino